temos nosso próprio tempo.

Renato escreveu isso e repetiu mais de uma vez em Tempo Perdido. o que isso quer dizer? não sei. mas desconfio que ele percebia no âmago do horizonte a profundidade que é viver na contemporaneidade. tudo se transforma em segundos. a gente (se) esquece. lembra. e esquece de novo. e dói, né?. mas também passa. e a gente é feliz também. não necessariamente nas mesmas proporções. em cédulas, séculos, células, núcleos diferentes, nos reinventamos e re-existimos. o que sentir sobre isso?. também não sei. mas sinto tanta coisa e um bocado de coisa também. é que eu sinto diferente de ti e de qualquer outro ser que aqui existe e que no agora habita. então, palavras não serão gastas. ainda que eu ame (des)gasta-las, por agora penso na quietude que é ser eu ao mesmo tempo em que o caos habita em mim. e penso (no) mundo lá fora. mas Renato disse, temos nosso próprio tempo. cada um e cada qual em cada (e/ou) qualquer lugar que existe. re-existe. inspira. respira. expira. e choca. choca-se. destrói e se reinventa. e haja tempo. haja tempo. h a j a  t e m p o. e o que sentir sobre o sentir e ser?. não tenho respostas. e como todo mundo as vezes canso das perguntas. do não saber. do se perder. 

e, ah, a contemporaneidade faz tudo desaguar em uma zona maior, muito maior. numa dor maior. num caos pior. num caos. daqueles difíceis de lidar. como tudo que escrevo nesse pedaço agora. nasce e deixa de aflorar. morre. a dor vem. daí, vai.. curva, e cai. 


mas a gente pode inventar hora. e fazer nascer o sol. é, não a gente. mas, agente, o da ação. que se fez nascer pó e desata o nó que é ser a gente. e que fez e faz acreditar que tudo pode ser diferente. cria a esperança e amarra no nós que é nos ser. a gente. de um jeito bom. pra ela não (se) soltar, desamarrar e nos largar nunca. 

e ai ela pode até ir embora, mas volta porque está atada a nós de nó em c(ó)r. ta aconchegada, ainda que indigente, perto ou claro, longe ou quente:

que ela sempre esteja presente.


mas, o que sentir sobre a imensidão do que se é? que é ser tu? eu? nós?


e o que esperar de um grande houver? do que ainda ta pra acontecer?

será que irá nascer? criar?


nem sei mais. 


mas a gente tem o tempo de agora. 


tem o agora.


a gente tem tempo.


um tempo.


temos nosso próprio tempo. 


a gente tem a gente. 


a humanidade se tem. 


é tudo doido as vezes e ta tudo bem. 


temos nosso próprio tempo. 


que a gente lembre disso e se lembre de cuidar. 


de nós mesmos. dos outros mesmo. 


cuidar e respeitar. 


todo dia é chance, ainda que vire o dia, de amar. 


amar.


e, pra falar a verdade, não acho que Renato percebia no âmago do horizonte a estranheza que é viver nos dias de hoje. mas ele era gênio, e eu acredito na atemporalidade dele. ainda que ele não visse e soubesse como seria, ele sentia, eu sei que sim. 


então, pro agora: sentir, por fim. 


e amar. sempre amar. porque tudo se é, amando, e tudo se vai porque é começo e fim.


porque sim.


assim,

não esquecer que perceber se faz nascer e se permite existir.

então, se aceita como é e nasce, pro mundo, pro que vier.

a vida é curta, talvez única, dança com fogo no pé, faz o que der.

e percebe. se percebe. se permeia e renasce.

todo dia é dia. pra viver. pra ser feliz.


se permita nascer.


viver.


sentir.


ser.


se permita viver o que vier.

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