maria na lua

te prometi ir embora hoje  as dúvidas ainda rondam por aqui  sua imaculada voz me lembra algo sobre Machado de Assis  tento te tocar, daqui você ainda é distante  te feri tanto assim, a ponto de você me esquecer em um instante?  nos vejo longe dói saber que te conheci tanto e agora vejo apenas sombras do que antes me levavam a ti  dói perceber que nunca mais poderia te tocar, te alcançar, te sentir  queria você aqui, mas se te faço tão infeliz assim  deixe que eu abra a porta  só não peça para eu não chorar ao te ver ir embora  voa então, para longe de mim  voa então, prometo não procurar mais por ti  deixa que daqui sigo por mim

por anos pessoas que eu nem conheço escutam minhas palavras em alto bom tom  elas se constroem e se destroem em sons  nos bares e becos, é no escuro que dispo minha alma e entrego a desconhecidos  tão profundo ser eu que chego a me perder em mim  então, rodopio, me escondo  admitir meu fracasso para os que me rondam é cruel demais  admitir o meu fracasso para os que andam longe de mim é assustador, mas, suponho, serve um pouco mais para mim 

eu faço promessas que não irei cumprir  eu sei, é tudo tão chato por aqui  "é triste o quão incapaz eu sou de aprender a crescer" criei paredes para te afastar de mim  afasto todos, me coloco no topo, lá onde os intocáveis estão  "é triste o quão incapaz eu sou de aprender a crescer" dói, porque sinto saudades do cheiro de alguma pele qualquer  e os arrependimentos começam a bater em minha porta  é difícil precisar resolver isso por mim mesma  "é triste o quão incapaz eu sou de aprender a crescer" enquanto me cobram maturidade  eu estou tentando resolver o meu próprio caos  dias sim, dias não  conseguindo ou não, tudo aqui parece um vendaval  "é triste o quão incapaz eu sou de aprender a crescer" estou pedindo ajuda, clamando, ninguém está ouvindo?  as vezes sinto que sou horrível em buscar ajuda, dar beijos e me despedir  então me culpo, coisa que funcionou tão pouco por aqui  "é triste o quão incapaz eu sou de aprender a crescer" entã

dizem, estão procurando quem trabalha comigo  dizem, difícil é não fazer o jogo do inimigo  sinto, foda é estar vivo em um país atolado no lixo  entendo, suplico, difícil não fazer o meu jogo sujo, mas, te digo  ouse, a vida não tá pra peixe  duvide, mas, enquanto busca, se arrisque  luta não se resume a viver triste  tentando descobrir todas essas cifras  não entendo essas rifas tudo confuso me deixa na brisa peço a Deus boa vista, para que eu não peque mais  difícil não pecar  me afundei nesse mar  difícil não amar  tô tentando sonhar  enquanto querem me matar  difícil matar  puxar o gatilho, morrer junto ao tiro  difícil decifrar  tentam encabular, mentir, dificultar  para que seja impossível o pobre decifrar   subir, sorrir, cantar,  dançar, a gente feliz é a tristeza dos que vem de lá  para nos matar, assassinar  deixe que eu morra, estou tentando nos salvar

ouvindo Taylor Swift no seu quarto  eu me pergunto se isso ainda é real  as paredes tem o seu retrato  mas ainda quero saber se é real  não o anel deixado de lado  mas os seus olhos cintilantes me olhando  foi verdade ou mentira o que eles me disseram ao chão do Louvre?  eu só te peço que seja real  enquanto todas as outras pessoas parecem querer nos consumir  é triste pensar que agora a vida não é mais tão simples e colorida assim  como era, aos nossos 8 anos de idade  é estranho pensar que você parece um velho amigo  porque eu te procurei em todas as minhas outras idades  eu consegui mãe, voar sozinha  mas as vezes é bom um amigo que te olhe e te abrace, em todas as idades  eu estou voando, mãe  te encontro em outra cidade - e eu acho que você nem curte tanto assim digo, Taylor Swift  é que você ri e faz careta quando eu coloco ela para tocar no seu carro  mas o som da minha voz cantando Delicate no seu ouvido parece fazer sentido essa noite  porque eu tô vendo daqui o seu sorriso de

o que escrever sob as linhas da ilusão?  tudo? são apenas reputações  as laudas não rodam em nossa direção  correndo contra as desilusões  o brilho nos olhos são munições  apenas fotos nas paredes, cortes em minha direção  repito as palavras enquanto corto corações  o meu está guardado, congelei, sem emoções  o que sinto não importa diante desse caos, apenas premonições  o que sinto só importa se gerar bilhões  sou mais do que prevejo  sou mais do que sinto  o que falar sobre a solidão enquanto te pinto?  liberdades presas em ilusão  me sinto Clarice Lispector, livre, sem ação  assustada canções que cortam  é liberdade ou solidão que hoje bate a minha porta?  um vazio se abre astro decodificado  fui impedida de voar, cortaram nossas asas  as dores ainda vão surgir  Djonga já dizia  somos a doença desse mundo  coisas que eu nem previa  aprendendo um pouco mais, vejo que a luz me guia  mas ainda é difícil sobrevoar a escuridão que vez ou outra me aplaudia